Literatura

Este blog destina-se a expor textos e/ou obras de diversos gêneros literários.

Um garoto tinha 12 anos e, certa vez, enquanto estava sozinho em casa num sábado (seus pais haviam saído para um jantar), começou a sentir calafrios e ter a sensação de que alguém o observava em seu quarto. Aterrorizado, saiu imediatamente do quarto e foi para sala. Acendeu todas luzes da sala e ligou a tevê num volume alto para tentar esquecer o fato. Um tempo depois, mais calmo, caiu no sono, quando, de repente, uma voz sinistra lhe falou ao ouvido: “Não abra os olhos!”. Ele sentiu uma espécie de “presença” na casa, e, muito apavorado para contestar tal ordem, novamente escutou: “Se você abrir os olhos terá a visão mais horrível de sua vida”. Ele então começou a chorar copiosamente. O garoto sabia que não era um homem ou mulher, que estava ali na sala com ele e que não conseguia ouvir passos ou outra espécie de barulho a não ser “a voz”. Ele sentia que a “presença” circulava a casa, em especial a sala, e que, em certos momentos, estava atrás do sofá, de repente à sua direita, depois à esquerda, logo após à sua frente e esporadicamente sussurrava em seu ouvido: “Não abra os olhos”. Isso aconteceu durante mais ou menos meia hora até que seus pais chegaram e ele parou de sentir a presença na casa.

A viúva estava na cozinha com o filho, contando o dinheiro que tinha encontrado debaixo do colchão, quando o marido, falecido fazia meses, apareceu e veio sentar-se à mesa com eles. A mulher e não se intimidou:

- O que é que você está fazendo aqui, seu miserável ?! Me dá paz! Você está morto! Trate de voltar para debaixo da terra.

- Nem pensar- disse o morto. – Estou me sentido vivinho.

A mulher mandou o filho buscar um espelho. Entregou ao morto para que ele visse a sua cara de cadáver.

- É... estou abatido. Deve ser falta de exercício – disse o falecido.

E mandou o filho buscar a sanfona, e convidou a mulher para dançar. Ela, é claro, não quis saber de dançar com o defunto, que cheirava pior que gambá.

O morto nem ligou. Começou a dançar sozinho. De repente a mulher viu que um dedo dele estava caindo, e ordenou:

- Toca mais rápido, menino!

Assim que o ritmo se acelerou, caiu outro pedaço.

- Mais depressa, que eu também vou dançar- ela resolveu.

E começou a requebrar e saltar e jogar a perna para o alto e balançar a saia.

O marido, animado, tratava de acompanhar as piruetas da mulher, e enquanto isso o corpo dele desmoronava. Até que só ficou a caveira pulando no chão, batendo o queixo. A mulher caprichou uma pirueta, a caveira imitou e o queixo desmontou. Pronto.

Mais que depressa, a mulher mandou o filho buscar um baú para guardar os pedaços do marido:

- Põe tudo que é dele, filho. Tudo. Que eu vou procurar uns pregos e um martelo.

Dali a pouco ela voltou e caprichou nas marteladas, para eu o morto nunca mais escapulisse.

Enterraram o defunto de novo. Depois jogaram bastante cimento em cima.

Só no dia seguinte a viúva lembrou do dinheiro do marido, que ela tinha deixado em cima da mesa.

- Cadê!?!

- Uai, mãe! Não era para guardar no baú tudo que fosse dele?

Autor : Angela Lago



Em Pintangui tinha uma mulher que desandou a querer dormir mais cedo só para sonhar mais. É que toda noite ela sonhava com a mesma casa, que ela adorava, sei lá por quê. Era uma casa confortável, mas comum.

De manhã, o marido perguntava:

- Sonhou com a sua casa?

- Sonhei com a sala. Maior que a nossa. Bege-clarinho, com duas portas de sucupira, uma dando para o corredor e a outra para a cozinha. Tinha uma mesa redonda com quatro cadeiras de palhinhas, um quadro em tons de azul, uma poltrona... Ah! – ela suspirava.

E assim era. Uma noite, sonhava com a cozinha:

E assim era. Uma noite, sonhava com a cozinha; outra ; com o quarto; outra, com a varanda.

E de novo com a sala...

Um belo dia, o marido dela, que era funcionário de uma firma, foi transferido para Bom Despacho. Ele foi antes, para preparar a mudança, e por incrível que pareça encontrou uma casa à venda, toda montada, igualzinha á que a mulher descrevia.

E o melhor; por uma pechincha.

Não teve dúvidas. Chamou a mulher. Ela não podia acreditar:

- É a minha – repetia. – A minha casa!

Mudaram no ato para a casa sonhada.

Um dia o ex dono da casa apareceu, acho que para tratar de prestações ou de papéis da venda.

A mulher hesitou antes de abrir a porta. O marido tinha saído, ela ainda não conhecia o antigo proprietário, e já estava meio escuro. Mas a voz soa tão familiar... Abriu.

- Eu só fazia sonhar com esta casa – foi contando a visita.

– já conhecia cada detalhe...

- A casa é Mal assombrada. È melhor que a senhora saiba.

- Ele disse, tomando a liberdade de acender a luz. Ai, desandou a gritar:

- Aahhahahahaahahahah!!

A mulher também se assustou, mas olhou em volta e não viu nada.

- Não tem ninguém além de nós... – disse, para tranqüilizá-lo.

- Aahhahahahaahahahah!!

- feito, um louco, ele saiu berrando rua afora. E ela foi atrás:

- Mas o que foi? O que viu? O que acontece?

- o meu Deus! Não se preocupe é a senhora mesma! – ele conseguiu explicar, antes de cair desmaiado.

Autor: Angela Lago


Há mais ou menos cem anos, vivia em Bom Despacho uma moça órfã que vira e mexe ia rezar para Santo António e acabou arrumando um fã: o sacristão.

Certo dia, a moça estava rezando com muito fervor. Sem perceber,pediu em voz alta:

- Santo António, me dá um sinal! Quero saber com quem eu vou me casar...

O sacristão que estaca atrás do altar, aproveitou a deixa e sapecou tia hora, disfarçando a voz!

- Você vai casar com aquele que lhe entregar uma roas bem na saída da igreja.

Depois, tratou de sair pela porta da sacristia, para pegar depressa a primeiro rosa no primeiro túmulo do cemitério e ir para a frente da igreja.

Acontece que o túmulo era justamente o da mãe da órfã, mas o sacristão só se lembrou disso quando apareceu. Sentiu um frio na espinha. Havia muita neblina naquele final de tarde chuvoso, mas mesmo assim, olhando para o lado do cemitério, dava para ver o túmulo que tinha sido roubado.

A moça vinha no altar. Quando viu o sacristão lhe estender uma flor, arregalou os olhos e exclamou:

- Mãe! Era só uma exclamação.

Mas, o sacristão achou que a moça estava vendo a alma de mãe atrás dele.

Largou a flor e saiu correndo. Venha passando um rapaz bonito. Foi ele quem apanhou a rosa.

Ai aconteceu uma coisa realmente estranha. A moça escutou uma voz muito clara:

- Vai casar é com este!

Dito e feito. Alguns meses depois, a moça se casou com o rapaz bonito.

( Agora, cá entre nós, quem falou “Vai casar é com este.” Foi o sacristão – de novo. Ele olhou para trás enquanto corria, viu o rapaz entregando a flor, e adivinhou na hora.)

Angela Lago